domingo, 14 de setembro de 2014

Vírus H1N1 e sua vacina

Na primavera de 2009, um descendente do vírus da gripe espanhola, que em 1918 se espalhou por cada esquina do mundo e matou milhões de pessoas, repentinamente surgiu em uma forma muito virulenta pelo México. Essa nova cepa viral, chamada A-H1N1 pelos cientistas, foi coloquialmente nomeada "gripe suína" porque foi comumente encontrada em populações de porcos em todo o mundo antes de se transferir para humanos. A rápida disseminação da "gripe suína" efetivamente fechou a economia mexicana e a vida pública, e criou um medo generalizado. Centenas de pessoas morreram nas primeiras semanas. Autoridades mexicanas pediram aos cidadãos para evitarem contato desnecessário com outros e sequestraram pacientes de A-H1N1 tentando prevenir a disseminação do vírus ao longo das Américas e a outros continentes. Entretanto, devido ao fato de A-H1N1 ser demasiadamente contagioso, estas medidas não foram efetivas, e em 11 de junho de 2009, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou A-H1N1 como pandemia global.
Em 14 de maio de 2009, após uma reunião com a OMS, um número de companhias farmacêuticas anunciou que iniciariam o desenvolvimento de uma vacina para A-H1N1. Como escrito, o desenvolvimento da vacina foi bem sucedido, e foi previsto que cerca de 2 bilhões de doses seriam distribuídas, começando em novembro de 2009. 


A Dra. Marie-Paule Kieny, da OMS, esclareceu algumas dúvidas sobre a vacina do A-H1N1. Ressalto pontos que achei interessantes para este texto. A entrevista completa pode ser lida aqui.
Uma das perguntas que eu particularmente tive na época foi "como vou confiar em uma vacina que foi desenvolvida em tão pouco tempo?"
Segundo a Dra Kieny, cerca de 30 vacinas foram candidatas para A-H1N1 com tecnologias de desenvolvimento variadas. Como os vírus de gripe evoluem constantemente, é impossível realizar uma análise clínica completa de vacinas de gripe anualmente porque as composições mudam todos os anos para adaptar ao vírus. Ou seja, todos os anos as fábricas produzem vacinas para gripes virais usando os mesmos procedimentos, mas cada ano para um vírus diferente.
Por exemplo, há alguns anos, fabricantes da União Europeia desenvolveram uma vacina para o vírus H5N1, mas ainda não estava permitida sua comercialização porque não havia ocorrido pandemia, mas eles podem usar o mesmo procedimento para produzir a vacina para o H1N1. Dessa maneira, eles podem ganhar uma licença em poucos dias. Essa é uma maneira de que as vacinas possam ser licenciadas sem ensaios clínicos, mesmo que estejam baseando a segurança no que é conhecido de vacinas para gripe. Baseado no extenso conhecimento disponível em vacinas sazonais e os resultados obtidos através da avaliação de vacinas de H5N1, não há dúvidas que seria possível fazer vacinas pandêmicas efetivas de H1N1.

Muitas perguntas científicas fundamentais sobre A-H1N1 continuam sem resposta. Por que o vírus pode se espalhar tão amplamente e rapidamente? Por que os jovens são afetados mais seriamente que os idosos? Um número de questões éticas e sociais também geraram fortes debates. Quantas pessoas uma doença precisa afetar antes que os esforços envolvidos para desenvolver e distribuir uma vacina sejam justificados? A que grau governos intervêm em vidas privadas para o bem da saúde pública? Alguns discursos eleitorais argumentaram que os governos não estavam fazendo o suficiente para o planejamento da pandemia global; outros argumentaram contra o uso da vacina porque duvidaram de sua efetividade ou porque sentiam que a vacinação não deveria ser forçada por um governo sobre seus cidadãos.
O crescente número de pessoas afetadas por A-H1N1 significa que estas questões são relevantes para todos nós.


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